Thursday, June 15, 2006

Método Comunicativo no Ensino de Línguas

Hoje em dia, quando se fala de ensino de línguas, nos deparamos com o método comunicativo. Mas o que é método comunicativo? O método comunicativo tem em comum uma primeira característica – foco no sentido, no significado e na interação propositada entre sujeitos na LE. Ele organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes, tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que se capacite a usar a língua-alvo para realizar ações de verdade na interação como outros falantes-usuários dessa língua. Além disso, o método comunicativo se caracteriza pela ênfase maior na produção dos significados do que de formas do sistema gramatical, ou seja, o professor promove materiais e procedimentos que incentivam o aluno a pensar e interagir na língua-alvo abrindo espaços para que ele aprenda e sistematize conscientemente aspectos escolhidos da nova língua. Há também os materiais que distinguem o método comunicativo dos demais, pois ele incentiva o aluno a expressar aquilo que ele deseja ou de que precisa através de técnicas interativas com trabalhos em pares ou pequenos grupos. Assim, sabe-se que para o professor ser comunicativo é necessário propiciar experiencias de aprender com conteúdos de significação e relevância para a prática e uso da nova língua que o aluno reconhece como experiências válidas de formação e crescimento intelectual, é também poder utilizar uma nomenclatura comunicativa para tratar da aprendizagem da comunicação na língua-alvo (tópicos, cenários, funções comunicativas, tarefas comunicativas, papéis sociais, etc) e acima de tudo respeitar a variação individual quanto a variaveis afetivas tais como motivação, ansiedade, inibições, empatia com as culturas dos povos que usam a língua-alvo. Conclui-se que o objetivo do método comunicativo é criar condições favoráveis para a aquisição de um desempenho real numa nova língua e incentivar a prática de linguagem através de atividades de autoconhecimento, interação verdadeira sobre tópicos reais e ideologicamente conflitivos.
Keyla Christina Almeida Portela
(Secretária Executiva, docente do curso de Secretariado Executivo Bilíngüe no Brasil, especialista em Lingüística Aplicada a Língua Estrangeira e mestre em Ciências da Educação.)

Thursday, May 04, 2006

ATeLP - contrapor2006


A ATeLP está a organizar a 1ª Conferência de Tradução Portuguesa que será realizada sob os auspícios da FIT - Europa (Federação Internacional de Tradutores) e que terá lugar na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa nos próximos dias 11 e 12 de Setembro.
Por considerarmos este um evento da maior importância, fica aqui registado o nosso incentivo à participação por parte de todos aqueles que se interessam pela Tradução.
Para mais informações sobre esta conferência, por favor visitem: http://www.atelp.org/conferencia.htm.

Wednesday, March 15, 2006

The Future

The closer your vision gets to a provable future, the more you are simply describing the present. In the same way, the more certain you are of a future outcome, the more likely you will be wrong."

Wacker & Taylor - The Visionary’s Handbook

Ensinar Tradução Automática

A mensagem mais importante a transmitir aos alunos de tradução no que diz respeito à Tradução Automática será fazer compreender as tarefas que o software pode e não pode realizar. É necessário mostrar como funciona, explicar o porquê das suas dificuldades, o tipo de tradução para a qual deve ser utilizada a tradução automática e quais as ferramentas informáticas alternativas assim como a sua integração no trabalho do tradutor.
Por norma, a Tradução Automática é tida como algo engraçado cujos resultados servem mais para entretenimento do leitor do que propriamente para serem tidos em conta como válidos. Perez-Ortiz e Forcada (2001) sugerem um exercício inicial onde se pede aos alunos que, no programa de Tradução Automática, traduzam uma frase (primeiro palavra por palavra, depois a frase completa). As duas traduções serão, inevitavelmente, diferentes fazendo surgir uma discussão sobre as diferenças dos resultados que poderá ajudar a compreender o grau que os sistemas de Tradução Automática conseguem atingir em termos linguísticos e de sofisticação de resultados. Por outro lado ajudará também os alunos a compreender qual o tipo de frases que mais se adequam ao sistema de Tradução Automática podendo levá-los, assim, a entrar na temática da linguagem controlada.
O que se procura, no ISCAP, é dotar os alunos com capacidades para compreender e integrar o uso da tradução automática nos tipos de trabalho mais adequados. Fazemos ver aos alunos quando e em que moldes devem usar a TA e, acima de tudo, fazer ver que se trata de mais uma ferramenta de apoio ao trabalho do tradutor e não de algo que vai substituir o tradutor fazendo todo o trabalho por ele.
Pedro Duarte

Tuesday, February 07, 2006

A Tradução de Linguagens de Especialidade e de Terminologia

A tradução de linguagens de especialidade e de terminologia é uma questão bastante importante no âmbito da prática da tradução em geral.
Uma das principais características de um texto técnico é a utilização de linguagem de especialidade, isto é, a linguagem utilizada numa dada área que engloba tanto a terminologia como as formas de expressão específicas da área em questão. A linguagem de especialidade não se limita apenas à terminologia; ela inclui termos funcionais (que descrevem operações ou processos), e propriedades sintácticas e gramaticais; adere a convenções próprias, tais como evitar a voz passiva (na maior parte dos textos técnicos) e o uso de terminologia consistente. Todo este conceito é também apelidado de tecnolecto.
O conceito de terminologia é já mais restrito do que o de linguagem de especialidade, pois consiste num conjunto organizado de termos técnicos próprios de um determinado campo – uma ciência, uma arte, uma disciplina (cf. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia de Ciências de Lisboa, 2001, Verbo). Terminologia pode ainda ser definida da seguinte forma:
(…) a base ontológica da terminologia consiste na delimitação dos conceitos produtivos de um campo específico, sendo certo que cada termo só pode definir-se como tal quando corresponde a um único conceito, por ele transmitido com concisão e precisão.
CNALP (1989: 179)
Na verdade, algo que acontece frequentemente na tradução é o facto de conhecermos as palavras (ou julgarmos que as conhecemos) mas desconhecermos o conceito a que estão associadas no texto pois este poderá variar com o contexto.
Na tradução técnica é raro (embora não seja impossível), haver casos de polissemia, pois abrange, por norma, um tipo de linguagem mais específica e objectiva. A tradução de termos técnicos é, frequentemente, independente do contexto em que estes surgem e, neste caso, estabelecer uma equivalência a nível terminológico não deverá oferecer nenhum tipo de dificuldade acrescentada.
No entanto, isto não significa que seja mais fácil para o tradutor técnico achar uma equivalência terminológica para o texto de partida. Muito pelo contrário, esta equivalência, a nível terminológico, pressupõe uma normalização terminológica, isto é, tanto na língua de partida como na língua de chegada há uma necessidade para a criação de uma compilação de termos de uma determinada área. A normalização de bases de dados terminológicas torna-se, porém, bastante difícil, pois a evolução linguística não consegue acompanhar o rápido avanço tecnológico e o português tem vindo, ao longo dos últimos tempos, a sofrer fortes, e até violentas, influências de estrangeirismos, especialmente de anglicismos.
Na verdade, há uma tendência generalizada para institucionalizar a terminologia técnica numa só língua de modo a facilitar a comunicação entre os profissionais de diversos países. Mas, se por um lado isso realmente acontece, por outro, tal empobrece a nossa língua com a agravante de se correr o risco de marginalizar os leitores que não estão familiarizados com o texto ou com a temática em causa.
A tradução de empréstimos poderá despoletar alguma controvérsia, uma vez que pode retirar toda a naturalidade e fluência a um texto. No entanto, essa falta de naturalidade e de fluência surge da falta de familiaridade com o termo traduzido. Um termo desconhecido pode parecer estranho e, assim sendo, é evitada a sua utilização. Tal acontece com termos tais como software, ou website. Só muito recentemente foi introduzido de forma regular no vocabulário português o termo sítio para designar website ou simplesmente site.
Assim, na minha opinião, torna-se imperativo que tradutores, terminólogos e especialistas em textos técnicos e científicos tomem iniciativas de recolha de informação terminológica nas várias áreas com vista a catalogar e normalizar bases de dados específicas da língua portuguesa, eliminando, sempre que possível, os empréstimos para que estes não passem a fazer parte do vocabulário português, mais por uma questão de habituação e até mesmo de negligência do que propriamente de necessidade.
Paula Carvalho

Tuesday, January 10, 2006

A prática da tradução literária

A tradução literária convoca sensibilidades e competências diversas, em torno de textos que se enquadram na multiplicidade de géneros, estilos e registos que a literariedade pode assumir. Como fundamentação, a teoria existente é escassa, fragmentada e muitas vezes contraditória. O trabalho de tradução e a reflexão em seu redor serão, por isso, desenvolvidos com maior interesse e melhor resultado no contexto de aulas práticas, organizadas em pequenos grupos, com grande concentração e motivação.
No texto literário, o estilo partilha da relevância significativa do próprio conteúdo, da mensagem a transmitir, pelo que a sua tradução obriga à preservação do estilo como componente essencial do significado. A tradução não-literária inclui estratégias que permitem alcançar a maior proximidade linguística possível ao original. No texto literário, porém, a equivalência visada não se limita à aproximação linguística: a conotação, o efeito estético e tantas outras variáveis estilísticas são factores essenciais à sua tradução.
Na prática da tradução literária é clara a importância da compensação, enquanto estratégia de obtenção de equivalência. Assim, por exemplo, ao traduzir um texto rimado no original, a dificuldade em obter essa mesma rima na língua de chegada poderá ser compensada por aliterações e assonâncias que manterão uma certa musicalidade. Do mesmo modo, o contexto cultural de uma passagem literária complementa a equivalência linguística e estilística visada. A sua tradução deverá ter consciência das implicações tanto literárias como ideológicas relacionadas com uma eventual opção entre a transposição ou a adaptação das questões culturais. Por essa razão, é essencial que o tradutor construa para si uma sólida e sempre actualizada cultura geral.
A relação entre escrita criativa e tradução pode ser explorada com excelentes resultados. Com efeito, encorajar os estudantes de tradução literária a desenvolver o seu próprio estilo e a encontrar por si mesmos soluções inovadoras é factor de interesse e sucesso acrescido. A criatividade individual e a autoconfiança apoiam-se na compreensão intuitiva dos limites, não da interpretação (para citar Umberto Eco), mas da própria tradução. Essa intuição dificilmente será ensinada, contudo pode ser guiada e fundamentada na atenta leitura e análise do texto original. Daqui se depreende a essencial complementaridade interdisciplinar entre o ensino e a aprendizagem da tradução literária e o ensino e a aprendizagem das diversas literaturas, culturas, estilísticas e retóricas. Qualquer programa de tradução literária a um nível superior implica a capacidade prévia e/ou simultânea de analisar e avaliar um texto, de modo a que seja possível proceder com eficiência à sua transposição para outra língua.
É profundamente compensador para qualquer praticante de tradução literária, docente ou discente, descobrir padrões estéticos até aí ocultos num texto aparentemente opaco ou aperceber-se de que alcançou na sua recriação algum do ritmo encantatório que tanto o fascinou no original. À musicalidade, ao ritmo e à imagética que contribuem para a literariedade do texto original associam-se os paralelismos sintácticos e semânticos, estes últimos mais complexos de detectar e transferir sem um rigoroso conhecimento do léxico das línguas em co-presença. Igualmente relevante é a detecção e aceitação da ambiguidade, componente fulcral de muitos textos literários. Como consequência, o tradutor deverá ser capaz de resistir à tentação de a desvendar, de a simplificar, opção que radicaria no empobrecimento da pluralidade semântica do original.
No ensino e na aprendizagem da tradução literária explora-se o texto na expectativa de detectar, reconhecer e avaliar os recursos estilísticos que estão na base da sua literariedade. Este processo conduzirá, por seu turno, à tomada de decisões sensatas sobre aquilo que manter e aquilo que comprometer, com o objectivo último de alcançar uma equivalência dinâmica entre o texto original e o texto traduzido. Porque traduzir nasce do equilíbrio entre duas acções aparentemente simples: reter e adaptar, em conformidade aos modelos vigentes da literariedade. Mas se os conceitos de estética literária evoluem no espaço e no tempo e coexistem numa miríade de conceitos paralelos, cada texto literário acabará por criar as suas próprias normas de leitura e de interpretação, logo, de tradução. Ao tradutor resta a estratégia imutável da precisão (ou seja: da competência, do profissionalismo) que se traduz – jogando com a palavra – no bom conhecimento das línguas de trabalho, com especial incidência no conhecimento profundo, tão intuitivo quanto informado, e no manuseamento hábil do seu mais precioso recurso: a língua materna.
Clara Sarmento

Monday, November 28, 2005

Tradução, pesquisa em linha e outros delírios…

É a primeira vez que escrevo num e para um Blog… Pois, já visitei, por curiosidade, para saber que "coisa" é essa, que conceito, que palavrão…
Afinal, hoje em dia, o desbravar fenómenos, termos, conceitos, palavras que nos entopem a caixa do correio, os ouvidos e cansam os olhos tornou-se uma rotina, uma necessidade de sobrevivência na era dos hipermercados da informação. Umas sucedem-se às outras, atropelam-se, emaranham-se, apagam-se e renovam-se... E nós, sempre a correr, desesperados no meio da multidão de letras, de teclas, de botões, de softwares, de clics.... A navegar… Sempre atrás, por vezes (muito momentaneamente, só para podermos respirar um pouco melhor…) ao lado, mas nunca conseguimos apanhar e arrumar as letras, os termos, os conceitos numa caixinha, numa prateleira e expô-los orgulhosamente, limpar-lhes o pó, contemplá-los, ociosamente sentados numa poltrona…
Isto para dizer que, se há algum tempo (não há muito...) a diferença entre uma boa ou má tradução poderia estar em dispor da tal caixinha arrumadinha ou da prateleira recheada de infólios e materiais de referência, onde a informação era um tesouro escondido e preservado, propriedade de um local específico e, portanto, de acesso difícil e limitado, hoje, com a globalização e a Internet, vivemos o fenómeno inverso: não há fronteiras para a informação, nem obstáculos geográficos ou físicos que limitem o acesso. Deste modo, e especialmente com o sucesso da World Wide Web (WWW), o volume de informação teoricamente à distância de um clic é cada vez maior, os clics cada vez mais rápidos e o acesso cada vez mais lento e desesperante se o navegador não for previdente. Afinal, a WWW é o novo Cabo das Tormentas: sabemos que para lá do clic há novos mundos cheios de tesouros e de soluções, mas chegar lá implica desbravar muito mar e eliminar muitas rotas, até encontrar o atalho, o caminho certo e, enfim, ver o outro lado e achar que o poeta tinha razão: valeu a pena!
Os tesouros são muitos, mas os monstros e naufrágios também. Assim, navegar (pesquisar em linha) é imprescindível para poder chegar primeiro, para estar actualizado, para encontrar e colocar o estandarte, mas é sempre preciso estar atento aos monstros, às rotas traçadas, aos barcos piratas e desconfiar até termos a certeza de que vamos por ali.
Agora, feita a introdução, podemos falar de recursos em linha, se quiserem…
Alexandra Albuquerque

Friday, November 11, 2005

Subtitling Manifesto

Subtitling came about for much the same reason as books: for people to read. But filmmakers frowned upon titles from the very start, for the silent film was intended to be a truly international means of communication. If the film were any good, then the images would speak for themselves. This all changed, of course, when talkies made their debut with the famous or infamous “The Jazz Singer” in 1928.
The funny thing about subtitles is that they have maintained their form and function for about 80 years. Only now with the globalization and the information society have new forms of subtitling been introduced, especially on the Internet, with fan subs and DivX forums, on special content DVDs and software, and on youth oriented TV channels like MTV.
Taking subtitles’ recent past into account, what can we truly expect from subtitles? Is subtitling doomed for death when new digital techniques will soon allow us to dub films with the original actor’s voice and new lip movements?
I begin to doubt whether our interest in subtitles derives from our cultural and social fixation on the written word. Imagine someone with both a love for literature and a love for film having the best of both worlds right in front of their eyes!
Should we let Portuguese TV simply continue to show degrading voiced-over audiovisual products? Or should we demand to see our favorite shows accompanied by subtitles with mouth-opening mistakes?
I say long live subtitling! Long live strange foreign films we can watch in the same strange foreign language!
Let’s all learn Swedish with Bergman’s subtitled masterpieces. I want the actor’s breath; I want his feeling, his personal breath-hued words.
I deeply disagree with those who say that the difference between dubbing and subtitling can be put down to a difference in education or social habit, that one is no better than the other. In fact, subtitling in many instances can even add to cinematic quality. Take Alfred Leslie’s “The Last Clean Shirt”, an excellent example of subtitles’ potential. The director commissioned the subtitles from the American 1950’s poet Frank O’Hara for a dialogue in complete gibberish (a language non-existent). The result is pure poetry.
Filmmakers of the world unite! Let foreign viewers go to the movies-demand subtitles!
Paula Almeida